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Abordagens da Psicologia

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O que são as abordagens da psicologia?

As abordagens da psicologia são métodos científicos através dos quais os psicólogos buscam entender o comportamento humano. Por esse motivo, profissionais de abordagens diferentes têm objetivos, orientações e conceitos distintos, o que faz com que a consulta com um psicólogo psicanalista possa ser diferente de um humanista, por exemplo.

Antes de tudo, é importante entender que não existe uma abordagem melhor que a outra e algumas têm aspectos muito semelhantes, por isso, a maioria dos psicólogos não se amarra a apenas uma delas. Portanto, ao escolher um psicólogo por sua abordagem é fundamental saber se você se identifica com ela.

“Eu prefiro um psicólogo que fale bastante ou que faça poucas intervenções? Gostaria de uma análise mais objetiva ou mais acolhedora das minhas questões? Quero ir a fundo, nas raízes de um problema, ou tratar apenas os sintomas?” 

Esses são exemplos de questionamentos que você deve fazer na escolha das abordagens. Portanto, o primeiro passo é conhecê-las e entender quais são as suas características principais.

Principais abordagens da psicologia 

Psicanálise

O foco da psicanálise é o estudo do inconsciente, para que o paciente possa compreender o que está oculto dentro de si mas que de alguma forma determina suas ações. Por esse motivo, nessa teoria ocorre a interpretação de sonhos e histórias do passado, a fim de trazer à tona conteúdos do inconsciente. Aqui, psicólogos mais ortodoxos fazem pouca intervenção, para que o paciente possa falar à vontade e revelar seus pensamentos sem interrupção.

Essa é uma terapia mais aprofundada, portanto, o tratamento geralmente é mais longo. Além disso, não é tão focada em passar exercícios ou “lições de casa”, mas sim em promover reflexões a partir da exploração do inconsciente.

A psicanálise Freudiana também utiliza a prática do divã, que ao direcionar o olhar do paciente para o teto, reduz qualquer sentimento de julgamento ou inibição que ele poderia ter ao olhar diretamente para o psicólogo. No caso da terapia online, isso pode ser feito desligando a câmera.

A teoria psicanalítica foi criada por Sigmund Freud, o qual é considerado o pai da psicanálise. A partir dos ensinamentos de Freud, outras abordagens com base psicanalítica foram elaboradas, portanto, existem diversas “evoluções” da psicanálise Freudiana como a teoria de Lacan, Bion, Klein, Winnicott e psicodinâmica.    

 

Analítica Junguiana 

A psicologia Analítica Junguiana parte da psicanálise de Freud, porém, apresenta algumas diferenças, principalmente ao considerar que o consciente e o inconsciente são complementares. 

Isso significa que nesta abordagem o psicólogo analisa os diversos aspectos da vida do ser humano que podem levar ao problema em questão, e não apenas o fato em si. Ou seja, é possível entender que a disfunção erétil, por exemplo, pode estar diretamente associada ao medo da paternidade ou à autocobrança excessiva no momento do sexo.

Para isso, além da interpretação de sonhos, o psicoterapeuta também pode estimular a imaginação e o lado artístico do paciente. Logo, a psicologia Analítica Junguiana é muito ativa, com grandes momentos de fala tanto do paciente quanto do psicólogo.

Assim como a psicanálise, a análise Junguiana busca as raízes do problema e não somente o tratamento de sintomas, por isso, geralmente esta também é uma terapia mais longa. 

 

Análise do Comportamento/Behaviorismo 

O termo Behaviorismo vem do inglês, em que “behavior” significa comportamento. Logo, por aqui podemos começar a entender que esta abordagem considera que o que influencia e modifica o ser humano é o seu comportamento, que pode ser compreendido na forma com que ele se relaciona com o ambiente e com outras pessoas.

Dessa forma, a teoria behaviorista entende que ninguém nasce de um jeito, mas sim que aprendemos a ser de uma maneira ou de outra. E se o jeito de agir não funciona mais, não traz mais aspectos positivos à vida, é possível aprender a ser diferente.

Nesta abordagem há muita conversa, o psicólogo geralmente faz perguntas para entender como é a relação do indivíduo com o ambiente e em certos casos pode haver “lições de casa”. Tudo isso para que, com a ajuda do psicólogo, o paciente conheça as raízes do seu comportamento e desenvolva seu autoconhecimento.

 

Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

A TCC é um desdobramento do Behaviorismo. O principal conceito dessa abordagem é que tudo se refere à forma que o indivíduo compreende a realidade. Ou seja, nossos pensamentos são muito mais a forma com que interpretamos um fato do que o fato em si.

Essa teoria segue a seguinte linha de raciocínio: 

Fato > Pensamentos > Emoções > Comportamentos.

Isso significa que a forma que pensamos e interpretamos a realidade causa uma influência direta nas nossas emoções, e estas direcionam o nosso comportamento. Dessa forma, o psicólogo geralmente trabalha em situações mais específicas da vida do paciente e busca entender o que ele sentiu em determinado momento. Assim, através das emoções, surgem as pistas para começar a compreender o pensamento por trás disso.

Por meio dessa análise, o psicólogo trabalha mudanças em pensamentos disfuncionais (que são aqueles que não necessariamente correspondem à realidade) ou crenças negativas, como aquelas que fazem a pessoa se sentir indesejada, incapaz de ser amada ou fracassada, por exemplo. A TCC, então, ajuda o paciente a lidar com suas emoções para ganhar mais autocontrole diante das situações.

Nesta abordagem, há bastante diálogo e o tratamento geralmente é mais curto e objetivo, visto que são trabalhadas questões mais específicas do paciente. Aqui o psicólogo também pode passar “lições de casa”, a fim de fazer o paciente refletir e chegar às suas próprias conclusões.

 

Gestalt-Terapia

A principal característica da Gestalt é o foco no presente, no aqui e agora.

Permanecer no presente pode parecer algo muito simples, não é? Mas você já se viu preocupado com o trabalho do dia seguinte enquanto assistia TV? Ou relembrando momentos do passado enquanto conversava com amigos? 

Do mesmo modo, é muito comum nos afastarmos do presente em uma sessão de terapia, por isso, à medida que o cliente compartilha um relato, o psicólogo ajudará a trazê-lo de volta ao presente se perceber que está passando muito tempo no passado ou se a ansiedade estiver acelerando-o para o futuro.

Portanto, para que a pessoa tente acabar com alguma mágoa emocional ou lembrança dolorosa do passado, o psicólogo traz a situação para o presente e trabalha isso no agora, proporcionando uma nova vivência, sem deixar que o cliente esteja preso aos sentimentos do passado. Para isso, o profissional pode utilizar de atividades como dramatização, imagens guiadas ou exercícios lúdicos.

 

Psicodrama

O foco da Psicodrama é a relação entre as pessoas, inclusive, inicialmente ela foi criada para terapia em grupo e passou a ser adaptada para a clínica individual.

Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face. E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus; e arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus; então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus.

J.L.Moreno

Esta citação de Jacob Levi Moreno, criador da Psicodrama, representa de forma simples e profunda um dos principais conceitos dessa abordagem: a importância de se colocar no lugar do outro, e de forma metafórica, ver o mundo com os olhos do outro e compreender como os outros o veem.

Para isso, uma prática comum nessa terapia é o psicólogo se colocar no lugar do paciente para que ele se veja, como se o protagonista (paciente) fosse levado à plateia (sociedade) na posição de espectador (outras pessoas). A ideia é que o afastamento de si mesmo leve o paciente a compreender como a sociedade o vê e amplie o que ele conhece a respeito de si.

O tratamento pela Psicodrama acontece com ações e representações. Por isso, além das conversas, espere uma sessão ativa, com exercícios, dinâmicas e improviso.

 

Fenomenologia Existencial

A Fenomenologia Existencial é uma abordagem mais filosófica. Aqui, o psicólogo entende que o homem é responsável por aquilo que é.

Não importa o que as circunstâncias fazem do homem, mas o que ele faz com aquilo que fizeram dele

Dessa forma, os existencialistas fenomenológicos trabalham a ideia de que não somos aquilo que queremos ser, somos fruto do que estamos vivendo, cuja responsabilidade é toda nossa. 

E tudo parte da consciência, ou seja, as coisas só existem a partir do momento em que tomamos consciência de que elas existem. Então, se cada um tem a sua própria consciência, as pessoas experimentam o mundo de uma maneira diferente, e por mais que se tente encontrar padrões, ninguém terá uma experiência igual a do outro, mesmo que o fenômeno seja o mesmo. Portanto, a vida é mais uma perspectiva de como o indivíduo a vê, assim, o profissional trabalha dentro dessa perspectiva para tornar a vida da pessoa mais autêntica para ela mesma.

Em uma sessão de Fenomenologia Existencial, o psicólogo fará perguntas e se distanciará de suas hipóteses para permitir que a única interpretação do fenômeno seja a do paciente. Dessa forma, nesta abordagem o mais provável é que o paciente fale mais do que ouça, e geralmente não há uma programação de exercícios ou “lições de casa”.

 

Logoterapia

Aquele que tem um ‘porquê’ para viver, pode enfrentar quase todos os ‘comos’. 

F.Nietzsche 

Esta citação do filósofo alemão Friedrich Nietzsche resume o que esperar dessa abordagem, cuja principal questão trabalhada é a busca pelo sentido da vida.

Na Logoterapia, há bastante diálogo e o psicólogo geralmente faz perguntas para estimular a reflexão, de modo a trocar o “por que?” por “para que?” e tirar o paciente do pensamento automático. Isso tem a finalidade de trabalhar questões específicas como a procrastinação, produtividade ou ansiedade, por exemplo.

 

Centrada na Pessoa/Humanista/Rogeriana

A terapia Centrada na Pessoa parte do princípio de que o ser humano busca o crescimento naturalmente. Dessa forma, o fato de uma pessoa procurar a terapia, por exemplo, procede do seu desejo de evoluir, diferentemente de outras abordagens que se baseiam na ideia de que o motivo dessa busca seja algum distúrbio ou doença mental.

Logo, a teoria Rogeriana coloca o cliente como ponto central da sua própria história, por isso, é o próprio indivíduo que escolhe os temas que irá tratar na sessão e o psicólogo o acolhe com empatia, aceitação positiva (ou seja, aceita o cliente com todas as suas crenças, valores e percepções, sem julgamentos) e congruência, o que significa que o psicólogo será autêntico e irá expressar o que ele perceber acerca das questões do cliente, como em uma conversa franca.

Com toda essa autonomia que é dada à pessoa, o objetivo é que ela reflita sobre suas próprias questões, crie um poder de decisão e possa, inclusive, determinar o momento de encerrar as suas sessões, ou seja, que ela mesma se dê alta. 

Esta é uma terapia mais breve, em que são trabalhadas questões específicas e, caso seja necessário, outras poderão ser vistas futuramente.

 

Se eu deixar de interferir nas pessoas, elas se encarregam de si mesmas.

Se eu deixar de comandar as pessoas, elas se comportam por si mesmas.

Se eu deixar de pregar às pessoas, elas se aperfeiçoam por si mesmas.

Se eu deixar de me impor às pessoas, elas se tornam elas mesmas.

Carl Rogers, fundador da abordagem Centrada na Pessoa.

 

Análise Transacional 

A Análise Transacional é uma terapia que compreende e corrige a conduta humana através do “porquê” e “como” dos nossos comportamentos. Neste sentido, transações são todas as trocas que fazemos com o meio, como nossas falas, gestos, pensamentos, sentimentos, conteúdo oculto no diálogo, dentre outros. 

Esta abordagem possui uma filosofia positiva e de confiança no ser humano.

Todos nós nascemos príncipes e princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em sapos.

Eric Berne, criador da teoria analítica transacional 

Na terapia analítica transacional, a patologia não é vista como adoecimento e por isso considera-se que o paciente não “é” algo, mas “está” de alguma forma. E através de instrumentos científicos, aliados ao conhecimento da história do indivíduo, aos sinais de comportamentos e da intuição, o psicólogo consegue, com certo grau de acerto, predizer o que acontecerá com a pessoa se ela continuar daquela maneira.

Portanto, o objetivo é identificar as sombras do indivíduo para que ele alcance a sua autonomia e assim tenha maior controle da sua própria vida.

 

Sistêmica/Sistêmica Familiar

A psicologia sistêmica estuda os fenômenos de relação e comunicação nos grupos. Essa abordagem parte do ser individual, que ao se relacionar com outras pessoas, cria diferentes sistemas. Dessa forma, cada grupo em que a pessoa se relaciona é um sistema diferente: familiar, profissional ou doméstico, por exemplo.

“Mas por que analisar os diversos sistemas nos quais a pessoa está inserida?”

Podemos responder com outra pergunta: Você já percebeu como o comportamento de um indivíduo influencia as ações de outros em um grupo?

A maneira como o indivíduo se relaciona com o ambiente ao seu redor determina seu desenvolvimento e crescimento pessoal. 

Dessa forma, a psicologia sistêmica pode ser aplicada tanto a casais, equipes de trabalho e famílias quanto a pessoas individuais. Esta abordagem oferece outra perspectiva sobre dificuldades e problemas, prevalecendo o todo acima do indivíduo.

Todo comportamento é comunicação, incluindo o silêncio.

Watzlawick

 

Sócio-Histórica

O que vem primeiro: o aprendizado ou o desenvolvimento?

Algumas teorias entendem que o indivíduo primeiro se desenvolve para que possa aprender. Outras consideram que esses dois conceitos são praticamente sinônimos. Porém, para Vygotsky – criador da abordagem sócio-histórica – o aprendizado é responsável pelo desenvolvimento do ser humano.

Esta abordagem entende que, apesar de sermos capazes de aprender sozinhos, quando aprendemos com o outro, aprendemos melhor. Por isso, a sócio-histórica analisa o contexto no qual a pessoa está inserida, e como sugerido pelo nome, considera principalmente seus aspectos sociais e históricos.

Pelo aspecto social, observa-se que até mesmo a nossa percepção está relacionada ao meio em que vivemos. A cor azul, por exemplo, nem sempre fez parte da nossa cultura de forma natural. Em textos antigos, não se encontra a descrição ou mesmo a utilização da palavra azul, isso porque essa não é uma cor tão presente na natureza. Embora consideremos o céu e o mar azuis, o pigmento azul só foi criado mais tarde, por isso, era mais comum utilizar tons de verde. 

Por um aspecto histórico, compreende-se que o fato de uma criança aprender a falar, ler e escrever não está relacionado somente ao seu próprio desenvolvimento, mas também à evolução da nossa espécie, que promoveu uma organização de atividades racionais, como a fala, no hemisfério esquerdo do cérebro, por exemplo.

Portanto, essa teoria analisa o indivíduo como um todo, para observar os meios em que ele se relaciona e assim compreender o que ele é.

Psicologia Corporal 

A Psicologia Corporal é a ciência que estuda o ser humano em seu aspecto somatopsicodinâmico, onde o corpo, a mente e a energia são tratados em seu conjunto e em sua relação funcional. Portanto, mente, corpo e energia são indivisíveis e devem ser trabalhados conjuntamente.

Desse modo, na prática, a Psicologia Corporal reconhece nas atitudes e no corpo do paciente (caráter) as impressões registradas durante as etapas do desenvolvimento emocional (couraça) e busca flexibilizar suas couraças a fim de liberar a energia aprisionada. Energia fluindo livremente significa mais saúde tanto no aspecto físico quanto emocional.

O tratamento pela Psicologia Corporal parte da queixa do paciente e da investigação da história pessoal (anamnese), da da leitura corporal e compreensão do caráter, da massagem reichiana para identificar as couraças e vários outros recursos.

Nesse sentido, formula um diagnóstico dos traços de caráter, da condição energética do paciente e das couraças para criar um projeto psicoterapêutico de trabalho que é individual para cada um.

Construcionismo Social

O construcionismo social fundamenta-se, dentre outras, por uma noção sociocultural da mente, muito similar ao que foi proposto pelo pesquisador russo Lev Vygotsky (1896-1934), para quem o funcionamento mental tem origem nos processos sociais, ou seja, nas relações que se estabelecem entre as pessoas, e não nas mentes individuais.

Sendo assim, a prática clínica da terapia de base construcionista social privilegia buscar o processo de construção de um significado não nos funcionamentos psicológicos intrínsecos de um paciente, mas sim na relação que se constrói entre o paciente e seu mundo relacional.

A psicoterapia se configura como um espaço aberto para uma conversa, um diálogo, um convite à reflexão sobre os padrões que se estabelecem na vida do paciente, sobre os sentidos que ele dá às crises que enfrenta, ao mundo em que vive e às relações que se estabelecem entre ele e os outros.

 

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