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Eu Quero a Sorte de Um Amor Tranquilo

“Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo o amor que houver nesta vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia”

Todo amor que houver nessa vida – Cazuza

Cazuza nos deixa uma boa imagem sobre um amor tranquilo na canção citada. Nela, podemos imaginar um casal em uma cena comum do cotidiano, descansando, se alimentando e até mesmo entediado frente à quietude dessa cena, que o deixa inspirado para compor uma canção. Este pode ser um modelo desejado por diversas pessoas atualmente, mas quais são as
condições minimamente necessárias para fazer essa sorte acontecer?

O que é o amor?

Definindo amor tranquilo Em uma busca rápida sobre a definição de tranquilidade, encontrei o seguinte resultado:

“substantivo feminino

  1. qualidade de tranquilo.
  2. estado do que é ou está tranquilo, isento de agitações, de inquietações, de perturbações ou de alvoroço.”

Ainda insatisfeita, busquei por um resultado que não se definisse pelo contraste com o oposto, encontrei:

1. Estado do que permanece tranquilo.
2. Sossego; quietação; paz; serenidade.

As qualidades encontradas aqui sem dúvida compõem a perspectiva daqueles que buscam por um relacionamento duradouro. A grande questão é que, ao menos no início do relacionamento, nós não buscamos um relacionamento quieto, sem alvoroço e sereno, pois tais características são incompatíveis com um dos momentos mais deliciosos do relacionamento: a paixão.

“Estou apaixonado”

O estabelecimento de um novo relacionamento é um dos momentos mais intensos na vida afetiva dos indivíduos. É nessa hora que a pessoa se vê tomada por um afeto intenso e profundo direcionado a outra pessoa pela qual se tem grande atração e interesse. As mudanças causadas pela paixão nos indivíduos são tão significativas que tem impactos no comportamento e na fisiologia, pois há uma intensa atividade hormonal que afeta as capacidades de concentração, tomada de decisão e outras funções cognitivas que podem chegar a culminar na idealização da pessoa amada.

Já no sentido afetivo, a felicidade de estar perto da pessoa de sua paixão é tão inebriante que pode causar abstinência em sua ausência. De qualquer modo, o resumo é que a paixão é um momento muito peculiar e que consome muita energia psíquica dos envolvidos. Tanto é que evolutivamente ela precisa ter um prazo para acabar, geralmente, durando de dois a três, pois caso contrário a sobrevivência do indivíduo pode ser prejudicada devido ao comprometimento da noção
de juízo.

A paixão acabou, e agora?

Passado o período de êxtase citado anteriormente, pode ser que muitos casais entrem em crise, pois novos ajustes são necessários e uma nova dinâmica precisa surgir. Os parceiros ficam mais inseridos um na vida do outro, nos hábitos diários e é esperado que um compromisso seja firmado. O torpor da paixão não ficará mais presente e tudo que antes era novidade passa a ser costumeiro na rotina do casal.

Algumas pessoas nunca se adaptam a essa nova realidade, pois esperam que o relacionamento seja a base para todo o seu sentimento de bem estar, optando pelo fim do relacionamento presente e talvez a busca por uma nova paixão que lhe ofereça novamente toda aquela excitação inicial. Aqueles que conseguem se adaptar à essa nova fase, podem experienciar novos sentimentos considerados até estranhos numa relação afetiva.

O tédio faz parte das relações saudáveis Voltando a música, encontramos esse novo sentimento usualmente considerado
negativo. Dentro de uma relação estável, saudável e bem estabelecida, é rotineiro se deparar com o sentimento de tédio. Ao contrário do que parece, isso não significa que a relação necessariamente está morna e sim pode demonstrar a qualidade do vínculo estabelecido: você já sabe o que esperar, os papeis já estão bem definidos, surpresas podem ser bem vindas, mas dentro daquilo que já é conhecido e de agrado de ambas as partes. Aqui, se desenha um traço pertinente às boas relações duradouras: a outra pessoa não te exige tanto esforço, ela faz a sua vida mais fácil.

Pensando em todas as suas relações, te convido a pensar: ao lado de quais pessoas eu posso descansar e me sentir a vontade quando estão por perto?

Envolva-se!

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