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Desconstruindo a “Família Margarina”

Desconstruindo a “Família Margarina” – Você já se deparou com esta expressão em sua vida? Os comerciais de margarina, como uma estratégia de marketing, por muito tempo se utilizaram de certo modelo de família para vender mais do que um produto, mas um ideal de vida. Tal ideia baseia-se na influência estadunidense de algumas décadas atrás, em relação à matriz familiar patriarcal, heterossexual e predominantemente branca, constituindo-se como: um pai, uma mãe e seus filhos.

A partir deste modelo de pensamento internalizado como “tradicional” para a existência de uma de família na sociedade ocidental, a publicidade muito se utilizou deste ideal como “motor” de vendas para vários produtos, como parte de um estilo de vida a ser seguido. Porém, você já parou pra pensar na responsabilidade de sustentar um ideal de família ao qual, em sua maioria, não existe?

No post de hoje, vamos entender um pouco mais sobre a importância em descontruir o modelo “Família Margarina” em nossas vidas. Venha conosco!

“Como Compreender a Família que Eu Tenho?”

Um dado importante a ser citado, levando em consideração a sociedade brasileira, é de que de acordo com o IBGE, cerca de 37% das famílias são compostas por mães solos. Esse dado demonstra que quase 40% das famílias não estão incluídas no modelo patriarcal muitas vezes instituído por padrões sociais, e construído em nosso olhar sobre o mundo pela cultura, como a forma “correta”, e um objetivo de vida necessário para o alcance da felicidade.

Nesse sentido, é importante pensarmos a partir de uma ótica diferente, em relação à maneira como uma família existe. Tal crença limitante pode nos impactar de maneira expressiva em relação ao tema, gerando sentimentos como culpa, frustração e raiva, reforçando a insatisfação em não lidar com a “família real”.

Lidar com as frustrações em relacionamentos é comum à vida, partindo do princípio de que ninguém precisa corresponder a expectativa do outro em todo o tempo. O desejo em formar, ou fazer parte de uma família que se enquadre nos padrões já pré-estabelecidos é pautada por um prestígio social enorme, contribuindo para o alimento de um ideal inalcançável.

A partir desse pressuposto, o sujeito passa a ignorar que sua família é composta por um grupo de pessoas com ideias, padrões, escolhas e desafios diferentes, as quais tentam conviver da maneira mais funcional para cada um, levando em conta os seus próprios preceitos fundamentais sobre o que é uma família.

(…) Portanto, a insatisfação de perceber que a família a qual se pertence não é o que foi imaginado, não está diretamente relacionada ao tipo de família na qual o sujeito está inserido, mas sim ao que ele espera daquelas relações.

Instituto Psicanalítica Framet

Mas afinal, do que é feita a família real? Vamos entender um pouco mais sobre esse conceito…

Deixando para trás a expectativa da “Família Margarina”

De acordo com Oliveira (2009, p. 23), a instituição familiar passou por significativas transformações, “tanto internamente, no que diz respeito a sua composição e as relações estabelecidas entre seus componentes, quanto às normas de sociabilidade externas existentes, fato este que tende a demonstrar seu caráter dinâmico”.

O primeiro passo para lidarmos a “família real” e deixando para trás a “família margarina”, é entendermos o caráter dinâmico dos modelos de família ao qual existem à nossa volta, buscando a desconstrução de um modelo vendido pelas mídias.

Para além disto, é importante levar em consideração as múltiplas formas de relações entre as pessoas, considerando suas histórias individuais e contextualizadas ao ambiente familiar, deixando para trás não somente o ideal de família, como também o ideal de comportamentos esperados para essa família, como por exemplo as manifestações de carinho, amor e afeto onde inúmeras vezes, são demonstradas de forma diferente à qual o sujeito espera.

Outro fator importante é de que, o fato de compreender a estrutura de nossa própria família pouco se aplica em concordar com padrões disfuncionais e por vezes tóxicos e violentos ao qual muitas famílias reproduzem por gerações.

Lidar com a nossa própria família é um exercício de maturidade, paciência e empatia, levando em consideração a história de cada um, e ao mesmo tempo, validar os nossos sentimentos e os de outros membros como uma forma de troca de ótica em relação às queixas e conflitos por muitas vezes consolidados em nosso meio.

É importante entendermos que a “família margarina” diz muito sobre o que uma sociedade espera de nós e mais uma vez, ao nos mantermos pensando de maneira “automática”, nos pegamos acorrentados à padrões de ideais bem diferentes dos que se encontram fora de um comercial de TV.

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Referências

Dados do IBGE – Ano de 2021. Acessado em: 03 de maio de 2022.

OLIVEIRA, Cynthia Bisinoto Evangelista de; MARINHO ARAÚJO, Claisy Maria. A relação família-escola: intersecções e desafios.Estudos de Psicologia. Campinas. p. 99-108, janeiro-março. 2010.

Envolva-se!

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