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Quando nos Tornamos os Pais dos Nossos Pais

Quando nos tornamos filhos dos nossos pais

​Quando nos tornamos os pais de nossos pais – Dentre todos os modelos de família existentes e os novos arranjos que vêm se formando, a reflexão proposta aqui é mais direcionada àquelas pessoas que ao menos em algum momento da vida já foram parte da família do comercial de margarina. Ali estão os pais e os filhos. Os adultos como provedores e protetores do lar, aqueles em que as crianças depositam toda a sorte de confiança. As crianças, alegres, livres para brincar, se desenvolver e carregar o legado da família no futuro.

Talvez esse seja um dos momentos em que a maioria das pessoas encontra conforto: se lembrar da sua infância. As primeiras memórias recheadas com amor fraterno e a inocência dos anos da tenra idade. Esta é uma fase da vida que em alguma medida determina como se darão os anos seguintes, afinal, é um momento crucial no processo de aprendizagem, da construção da personalidade e dos modelos de relações que serão estabelecidas dali em diante.

Como acolher neste ambiente e sermos compassivos com nossos pais?


Caso o ambiente seja e permaneça saudável e acolhedor, é muito provável que as mudanças de fase, embora alterem a dinâmica estabelecida na infância, aconteçam de forma tranquila e que todos os envolvidos se adaptem de maneira adequada e satisfatória. Os filhos começam a ganhar independência, conhecem outras pessoas, outras formas de ser, formam suas próprias opiniões e podem se manter mais ou menos vinculados com os pais conforme as afinidades e interesses vão se traçando.


Por outro lado, caso existam conflitos significantes, seja entre os genitores, entre os filhos ou entre todos os membros e a família como um todo não tenha uma rede de suporte, pode ser que os vínculos fiquem fragilizados e questões mal resolvidas resultem em sofrimento para todos os membros, em maior ou menor grau. Neste caso, pode ser que aconteçam rompimentos, brigas, separações e outros acontecimentos que podem resultar na necessidade do rearranjo familiar.


De qualquer modo, o fato é que os seres humanos continuam se desenvolvendo enquanto estiverem vivos. E o desenvolvimento implica em mudanças, novas necessidades, adaptações e acordos. E independentemente do modelo, a família continua sendo a principal responsável por garantir a segurança, proteção, alimento, cuidados com a saúde e suporte financeiro e emocional aos seus membros.


A adultez começa a trazer um grande desafio para aquelas crianças de outrora: ser pai e mãe de si mesmo naqueles momentos em que você precisa cuidar da própria alimentação, ir ao médico sozinho, marcar seus próprios compromissos, arcar com as próprias despesas. Alguns contam com a sorte de continuar tendo apoio dos familiares, qualquer que seja a fonte. Outros são lançados na independência muito mais cedo, talvez até de forma brusca.


Até que em determinado momento da vida, este muito menos explorado e representado pelas diversas mídias, os filhos jovens começam também a se dar conta das limitações daqueles que os deram suporte até então. Seja pelo choque geracional que gera discordâncias, seja pelo avanço da idade ou pela saúde que já não é mais a mesma, um fato é: os pais envelhecem e a velhice exige cuidados especiais.

Afinal, como ser mãe e pai de nossos pais?

​Eis uma grande dificuldade a mais: ser pai e mãe dos nossos pais. A casa até pouco tempo atrás era bem administrada por eles, agora algumas tarefas ficam por fazer. Pode ser que você tenha que acompanhar os medicamentos, o banho, o sono, os gestos para saber se algo está doendo. Pode ser que tenha que acompanhar em uma consulta, um procedimento.


Neste ponto, a qualidade do relacionamento é fundamental para determinar como serão os cuidados. Assim como a vida está estabelecida: há distância física? Há boas lembranças, ressentimentos? Se há mais de um filho, como serão divididas as responsabilidades? Como conciliar esta tarefa a rotina de trabalho, aos cuidados das novas crianças e ao cônjuge?


Não há um único modelo, não há uma única resposta. A única certeza é que as fases passam, despedidas simbólicas e fáticas acontecem. Elas acontecem e nos afetam. É um processo exigente deixar de ser filho para ser filho e cuidador, ou filho e responsável por aquela pessoa que espera que você ainda seja obediente. Nesse espaço de tempo, o seu projeto de vida pode ser modificado pelas necessidades que forem aparecendo.


A solidão e a solitude ficam mais evidentes com o passar do tempo, pois você passa de ser a pessoa que recebia cuidados para ser a responsável por cuidar de quem cuidou de você e das novas vidas que chegam e o medo de não ter ninguém para retribuir pode ser um fator preocupante. Justamente por isso, é importante ter uma rede de apoio flexível para nos fortalecer no processo de amadurecimento.

E de você, quem cuida?

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Comentários

@peepso_user_2553(Monalyza Santos)
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
1 ano atrás