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Qual é o lugar da mulher?

Há uma ideia de que a criação do Dia Internacional das Mulheres teve origem a partir do incêndio em 1911 de um fábrica têxtil em Nova York, em que 125 operárias morreram carbonizadas (BBC). Mas os eventos que levaram à criação da data antecedem esse infeliz acontecimento. Desde o final do século 19, ocorriam protestos em vários países da Europa e nos Estados Unidos, por organizações femininas originárias de movimentos operários, para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil.

Oficializado apenas em 1975, o Dia Internacional da Mulher vem sendo celebrado em manifestações desde 1908.

“O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países” (NOVA ESCOLA). O dia 08 de março é um dia de luta, é o marco para lembrarmos, todos os dias, que ainda existem muitos problemas a serem resolvidos, problemas como a violência com as mulheres, o feminicídio, a falta de oportunidades em todas as áreas acadêmicas e profissionais, a não legalização do aborto, a diferença salarial, dentre tantos outros.

A mulher no Brasil e no mundo

No mundo, 18% da população acredita que as mulheres são inferiores aos homens; 41% das brasileiras sentem medo de se expressar e de lutar por seus direitos, de acordo com o relatório Global Advisor.

Anualmente, o Brasil registra mais de 50 mil casos de violência verbal; 48% das vítimas apontam companheiro como autores. O levantamento do Projeto Colabora apontou que, sobre o feminicídio durante a pandemia no Brasil, a média é de uma morte a cada nove horas. (BRASIL DE FATO)

Há 536 casos de violência contra a mulher por hora no Brasil e quase a mesma proporção de mulheres que dizem ter sido vítima de algum tipo de violência sexual. O número de mulheres que sofreram espancamento é assustador (1,6 milhão). Todos esses dados remetem à violência doméstica: 76,4% das mulheres conheciam o autor da violência, a maior parte aconteceu dentro de casa. (BBC NEWS)

Na esfera federal o orçamento da pasta de mulheres que era de R$ 290 milhões em 2015 , caiu para 48,8 milhões de reais em 2019. E em janeiro deste ano, o orçamento do executivo previu uma redução de 2 milhões de reais ainda desse orçamento já muito diminuto. (BRASIL DE FATO)

No Brasil, em 2019, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens – 21,4 horas semanais contra 11,0 horas. (AGÊNCIA BRASIL)

De acordo com pesquisa do IBGE, em 2019, as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens. A desigualdade atinge proporções maiores nas funções e nos cargos que asseguram os maiores ganhos. Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens. O percentual também foi alto no grupo dos profissionais da ciência e intelectuais: 63,6%; mesmo os dados indicando que as mulheres brasileiras são, em média, mais instruídas que os homens.

Apesar de as mulheres serem maioria na população brasileira e mais escolarizadas, somente 16% dos vereadores eleitos no país em 2020 foram mulheres. Comparado com 2016, houve aumento de menos de 3 pontos percentuais. (AGÊNCIA BRASIL)

Por que é importante o empoderamento feminino?

Paulo Freire foi a primeira pessoa a traduzir o termo empoderamento para o português que, para ele, é a “capacidade do indivíduo realizar, por si mesmo, as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer”. No sentido individual, o empoderamento é a emancipação de si, a construção (ou reconstrução) de sua personalidade e atitudes, conforme o que se deseja, através da superação da dependência emocional com a potencialização de suas ideias, ações e escolhas.

Empoderamento feminino refere-se ao movimento de dar maior acesso e participação social às mulheres, possibilitando que usufruam dos seus direitos, sem distinção em relação aos homens. E ele só acontece quando há a conscientização das mulheres de reivindicarem seus direitos para garantir, assim, que possam estar cientes da necessidade da luta pela total igualdade entre os gêneros em todos os cenários sociais.

O empoderamento dá à mulher o poder sobre ela mesma… algo que lhe era negado historicamente. Nós crescemos e vivemos em uma sociedade em que a opressão do homem contra a mulher, do masculino contra o feminino, é naturalizada.

“É necessário que haja um desenvolvimento das capacidades emocionais dos homens e também das mulheres, primeiro para que os homens parem de cometer esse tipo de violência e, segundo, para que as mulheres consigam identificar rapidamente esse tipo de violência e se retirar dessa relação” (BRASIL DE FATO).

Princípios do Empoderamento das Mulheres

A ONU Mulheres e o Pacto Global criaram uma lista de 7 princípios de empoderamento das mulheres com o intuito de empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e econômicas em prol do impulsionamento de negócios, melhoria da qualidade de vida de mulheres e desenvolvimento sustentável:

  1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
  2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.
  3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
  4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
  5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.
  6. Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
  7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero. (ONU MULHERES)

O que fazer para incentivar as mulheres ao seu redor?

  • Compartilhe conhecimento sobre mulheres
  • Empodere as mulheres que você conhece
  • Denuncie os casos de abusos e maus tratos às mulheres que presenciar
  • Compre de negócios locais comandados por mulheres
  • Divulgue o trabalho das mulheres que você conhece
  • Apoio as decisões das mulheres e as enxerguem como parceiras

Como a psicoterapia pode auxiliar no processo de empoderamento feminino?

Se aceitar como é, seu corpo, seu biotipo, sua história, seus desejos. Entender suas possibilidades e suas relações. Tudo isso é importante para que uma mulher construa seu processo de empoderamento e desprendimento de padrões estéticos e de papéis a serem desempenhados.

Reconstruir padrões de comportamentos e crenças a que fomos submetidas por toda a vida. São padrões historicamente construídos para posicionar a mulher em uma condição de inferioridade. E, pra mudar isso, é necessário voltar-se para si, ter muita coragem, enfrentamento e, principalmente, saúde emocional.

O autoconhecimento é fundamental para tornar a mulher dona de si. Saber o que quer e onde quer chegar, possibilita que a mulher encare seus desafios e crie forças e alternativas para continuar em busca de seus objetivos e sonhos.

Também é necessária boa dose de resiliência. Não é fácil ser mulher no século XXI, a luta ainda não foi vencida e existe um caminho longo de batalhas a ser percorrido em prol dos nossos direitos. E, nesse processo, é fundamental aprender a lidar com as angústias, tristezas e eventuais baixa autoestima que possam surgir no trajeto.

Mas, afinal, qual o lugar da mulher?

O lugar da mulher é na política, nos esportes, nas indústrias, nas obras, nas escolas, na ciência, nas artes, na gestão das empresas, nos estádios de futebol… enfim, em qualquer lugar.

Lugar de mulher é onde ela quiser!

Mulheres que falam sobre o empoderamento feminino que você precisa conhecer

Djamila Ribeiro Destaque no ativismo negro do Brasil, filósofa, feminista, escritora e acadêmica brasileira, Djamila é autora dos livros “O que é lugar de fala”, “Quem tem medo do feminismo negro” e “Pequeno manual antirracista”. É conhecida como filósofa pop, pois sua luta contra a desigualdade utiliza diversos meios de comunicação populares, como o Instagram.

Simone de Beauvoir Nasceu em 1908 na França e foi um dos maiores ícones do feminismo. Filósofa, professora, escritora, feminista, existencialista. Uma de suas obras mais conhecidas é “O Segundo Sexo”, onde ela escreve a famosa frase “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. Neste livro, Beauvoir traz duas questões fundamentais sobre as quais te convido à reflexão:

  • “Em que o fato de sermos mulheres terá afetado nossa vida?”
  • “Quais oportunidades nos foram oferecidas, exatamente, e quais nos foram recusadas?”

E, então, pronta para ser quem você quiser?

FONTE:

AGÊNCIA BRASIL. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/estudo-revela-tamanho-da-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

BBC. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43324887

BBC NEWS. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47365503

BRASIL DE FATO. https://www.brasildefato.com.br/2020/11/25/campanha-de-combate-a-violencia-contra-mulher-alerta-a-agressao-comeca-com-palavras

COLABORA. https://projetocolabora.com.br/especial/um-virus-e-duas-guerras/

NOVA ESCOLA. https://novaescola.org.br/conteudo/301/por-que-8-de-marco-e-o-dia-internacional-da-mulher

ONU MULHERES. http://www.onumulheres.org.br/referencias/principios-de-empoderamento-das-mulheres/

Envolva-se!

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